O que as relações dizem sobre você?

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O que as relações dizem sobre você?

A arte de se relacionar é muito mais do que uma habilidade, e está intrínseca em nossas necessidades humanas. Desde os primórdios, sabemos que somos seres sociáveis. Ao longo da vida, construímos e perdemos inúmeros relacionamentos, sejam eles de trabalho, familiar, amoroso ou de amizade. O relacionamento, independentemente com quem for, vem para complementar nossas potencialidades individuais, e muito do que somos tem ligação com quem nos relacionamos. Este assunto foi tema da conversa entre a jornalista Fabiana Sparremberger com o psicólogo Carlos Eduardo Seixas, o Cadu, no último domingo, dia 24.

De acordo com o psicólogo, antes de se iniciar uma conexão com outra pessoa, é fundamental que a relação consigo mesmo seja priorizada. Isso implica em conhecer os próprios sentimentos, forças e vulnerabilidades para não colocar as expectativas nos outros:

– O autoconhecimento é a base para todos os vínculos afetivos que iremos cultivar. Ou seja, as relações definem o que somos. Aqui, entram a capacidade se permitir vivenciar as emoções e a coragem de se “desarmar”. São nesses processos que reconhecemos que somos.

Ainda conforme Cadu, a necessidade de construir relações é um desejo nítido do ser humano, principalmente, em duas fases: nos primeiros anos de vida, do nascimento aos 6 anos, e na adolescência. Na primeira fase, se tem mais percepção do mundo ao redor, principalmente das pessoas e já começa a habilidade de socializar. Na adolescência, outros passam a influenciar a construção dessa personalidade.

– Nenhum relacionamento é isento de interesse. A palavra relação significa “trocar”, “ir e vir”. Nossas relações são uma mão de via dupla. O que você faz para outro é revertido para você. Relacionar-se é tanto uma questão de sobrevivência quanto de bem-estar da sociedade – explica o psicólogo.

Fabiana destaca a tendência de autossabotagem nas relações:

– É aquele caso em que há sintonia, química e compatibilidade. Tem tudo para dar certo, até que um dos lados começa a ver defeito em tudo. Até uma manifestação de carinho é vista como um jogo de interesse. Nada mais é sincero neste ponto de vista. Por que isso é tão comum?

De acordo com Cadu, esse comportamento vem do subconsciente.

 – Autossabotagem é criar problemas diários, mais do que isso, é o hábito de não sermos sinceros com o outro diante das emoções. Ou, ainda, demonstrar um certo desapego diante de demonstrações de carinho, por achar que não somos merecedores de afeto – esclarece o psicólogo.

VULNERABILIDADE

 Entre as “ervas daninhas” dos relacionamentos saudáveis, estão as armaduras que levam as pessoas a negarem as próprias (e inerentes a todos os seres humanos) vulnerabilidades. Para Fabiana, aqui estão os empecilhos para relacionamentos sinceros e transparentes.

– Achar-se invulnerável é mostrar apenas uma face ao outro. É insistir na ilusão de mostrar pontos fortes a qualquer custo. Mas por isso? Por que esconder as fraquezas? Quem demonstra o que sente é forte, e só com sinceridade é possível colher o que há de melhor em um relacionamento – reflete Fabiana.

A jornalista destaca, ainda, as duas situações que exigem uma dose maior de autoconhecimento: o início e o fim do relacionamento.

– O que é necessário para que essas duas fases ocorram da melhor forma possível? – questiona.

Conforme o psicólogo, é necessário analisar ambos os cenários com cautela. Muitas vezes, as pessoas iniciam um relacionamento por medo de ficarem sozinhas, ou, então, não terminam pelo desespero de se imaginarem solteiras.

 – No começo da relação, temos muitas emoções envolvidas. Tudo é novo. Vem aquele frio na barriga, a ansiedade de conhecer o outro e a expectativa de viver aquela paixão. Toda essa euforia pode trazer algumas complicações. Por exemplo, começamos a projetar nossos ideais nos outros. Consequentemente, terminar também é complicado. Findar a relação está relacionado à dor, angústia e desesperança no amor. Aqui é comum entrar aquelas situações equivocadas de tentar “apaga” a pessoa de nossas vidas ou substituí-la. Não existe isso. Precisamos de um tempo para fechar os ciclos e até para ficarmos triste pelo término. O fim de um relacionamento pode ter sido um livramento. No entanto, só com o passar do tempo entendemos isso – esclarece Cadu.

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INTERESSES EM COMUM

 E quanto aos interesses em comum? Para a jornalista, eles ajudam tanto na aproximação quanto no amadurecimento das relações. Segundo ela, ainda dentro deste conceito, toda relação envolve convivência, comunicação e atitudes que precisam ser recíprocas:

– Quando uma das partes não desenvolve esses atributos, tão necessários para uma boa convivência, o relacionamento se torna difícil. É importante estabelecer pilares para as conexões que consideramos saudáveis.

Tolerar as divergências. Esse é outro ponto a ser considerado nas boas regras de convivência afetiva e, por que não, também nas demais relações sociais, como no trabalho. Para Cadu, é importante não considerar cada diferença como um atrito:

-Precisamos considerar as opiniões contrárias como concepções antagônicas, não como atritos. Tudo o que somos deve ser somado ao que o outro é. Lembre-se que há quatro pilares essenciais para o relacionamento dar certo: admiração, desejo, respeito e segurança. Com eles, temos uma relação de troca, e isso é bom em todas as áreas das nossas vidas – finaliza o psicólogo.

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